domingo, 8 de março de 2009

Três coronéis da PM são presos em operação contra corrupção em Salvador

Interceptações telefônicas do Serviço de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) indicam que integrantes da cúpula da Polícia Militar estariam negociando uma grande licitação de boinas e algemas que ocorrerá em 2010. Relatório da investigação, detalhado na ordem de prisão da juíza Ivone Bessa, obtida com exclusividade por A TARDE, revela que o lobista e empresário Gracílio Junqueira Santos, acusado de liderar esquema fraudulento para vencer licitações para fornecer equipamentos para o Estado e para a Prefeitura de Salvador, enviaria seu filho, Júlio, para comprar o material a baixíssimo custo na China e repassá-lo para a corporação.

Escutas legais revelam que Gracílio teria sido avisado do pregão pelo diretor do Departamento de Apoio Logístico da PM (Dal), o coronel Jorge da Silva Ramos, diretor do órgão que nos últimos três anos firmou oito convênios com empresas ligadas ao empresário. As licitações somam R$ 901,2 mil.

Uma das empresas, a Tecno Import Comércio Representação e Serviços LTDA, cujos sócios são Gracílio Junqueira e a ex-gerente do Bradesco da Graça, Jocélia Fernandes Oliveira (acusada de lançar empréstimos e retirá-los das contas de clientes para repassar para o empresário bancar operações fraudulentas), recebeu mais de R$ 1,3 milhão para fornecer fardas e material de segurança também em três anos. Outra companhia, a Aserv Empreendimentos Comerciais LTDA ganhou três licitações que somaram R$ 308 mil nos últimos dois anos.

Um dos índicios de superfaturamento nos contratos de compra, manutenção e gestão de viaturas da PM é demonstrado numa comparação simples: a aquisição de 191 novas viaturas da Polícia Civil custaram ao Estado R$ 15 milhões (R$ 78,5 mil, cada), enquanto as mesmas 191 guarnições da Polícia Militar custaram aos cofres públicos R$ 32 milhões (R$ 167,5 mil, cada).

Negócio da China - Outra interceptação telefônica revelou que outro oficial da PM envolvidos no esquema, o coronel Sérgio Alberto da Silva Barbosa, ex-comandante do Corpo de Bombeiros, avisou ao tenente Antônio Durval Senna Júnior, almoxarife do Corpo de Bombeiros, que o filho de Gracílio estava viajando para China, onde compraria as boinas e algemas para a licitação de 2010.

Fonte: A Tarde

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